Segundo dados da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), 30% dos adultos brasileiros são hipertensos. A doença pode afetar pessoas de todas as idades e, em sua forma mais prevalente, não tem cura, mas pode ser controlada.
Por ser uma doença frequentemente assintomática, pode ser difícil diagnosticar a hipertensão arterial — ou pressão alta —, o que permite, por vezes, que ela evolua para condições mais graves. Por isso, é importante adotar um estilo de vida saudável que favoreça a manutenção de uma pressão arterial adequada.
Sintomas e riscos da hipertensão
De acordo com Guilherme Barreto Gameiro Silva, coordenador de Cardiologia do Hospital Santa Cruz/Rede D’OR em Curitiba e doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), a hipertensão é silenciosa e pode acometer órgãos como coração, cérebro, rins e vasos sem que o paciente perceba.
Ele explica ainda que a presença de sintomas da doença — especialmente lesões de órgãos-alvo — está relacionada ao tempo em que ela está presente no paciente, e seus estágios avançados podem apresentar sintomas secundários ao acometimento dos órgãos. São eles:
• Acidente vascular cerebral (AVC);
• Sintomas de insuficiência cardíaca;
• Perda visual pelo acometimento de vasos da retina.
Conforme Guilherme ressalta, a hipertensão é o principal fator de risco para doenças cardiovasculares, doença renal crônica e morte prematura; podendo ocasionar, ainda, acidente vascular encefálico, perda de função dos rins com necessidade de hemodiálise em estágios avançados, demência e doenças nos vasos.
“Paciente diabéticos, com doença renal, portadores de doença cardiovascular já estabelecida (infarto ou insuficiência cardíaca, por exemplo), ou com três ou mais fatores de risco cardiovasculares são considerados como pacientes hipertensos de alto risco”, continua.
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Prevenção, diagnóstico e tratamento da hipertensão
A manutenção de um estilo de vida saudável deve ser prioridade para controlar e prevenir a pressão alta. Contudo, Guilherme recomenda as seguintes atitudes:
• Controle de obesidade;
• Dieta saudável;
• Atividade física regular;
• Monitoramento do estresse emocional;
• Supervisão da ingestão excessiva de álcool;
• Cessação de tabagismo.
O especialista ainda ressalta que, em pacientes com hipertensão inicial e baixo risco cardiovascular, o tratamento não-medicamentoso (que inclui os cuidados acima) pode ser uma opção. Caso a pressão permaneça elevada após três meses, a introdução de medicamentos é realizada.
No caso de pacientes com hipertensão em estágios mais avançados ou que apresentem algum risco cardiovascular adicional — como diabetes, tabagismo, obesidade, dislipidemias, estresse, ansiedade e sedentarismo — o tratamento medicamentoso deve ser associado aos demais cuidados desde o início.
Atividade física como aliada no combate à hipertensão
Movimentar o corpo pode ser uma das melhores formas de combater a pressão alta. À IstoÉ, o profissional de educação física e diretor técnico da rede Bodytech, Eduardo Netto, indica exercícios físicos de intensidade moderada de três a seis vezes por semana, em sessões de 30 a 60 minutos, para auxiliar no controle da doença.
Eduardo elenca caminhada, corrida, natação, exercícios aeróbicos, alongamentos, bicicleta, ioga e hidroginástica como aliados na redução da pressão sanguínea, mas recomenda evitar exercícios muito intensos por curtos períodos, como corrida e levantamento de peso.
Para tornar a prática de atividades físicas segura para pessoas hipertensas, o especialista dá as seguintes dicas:
• Passar por uma avaliação médica prévia antes de iniciar um programa de exercícios;
• Mensurar a pressão, antes e durante a execução de exercícios;
• Manter o controle ao longo do exercício;
• Evitar se exercitar sob o sol muito forte ou em locais muito abafados e quentes;
• Vestir roupas confortáveis e calçar tênis com solados altos no calcanhar para diminuir o impacto com o chão;
• Tomar água antes, durante e após o exercício, principalmente se o dia estiver quente;
• Evitar movimentar-se em caso de indisposição, dor de cabeça e cansaço intenso, bem como se a pressão estiver acima de 16 por 10;
• Não realizar atividade física em jejum;
• Atentar-se a qualquer sintoma de desconforto antes e durante a sua prática;
• Não utilizar a manobra de Valsalva durante a prática de exercícios (prender a respiração durante um estímulo e/ou contração);
• Garantir que as fases de aquecimento e resfriamento sejam feitas antes e depois da prática de exercícios.
“É sempre muito importante que você seja acompanhada por uma equipe multidisciplinar, para que o médico faça os possíveis ajustes de medicamentos e que seu programa de exercício seja elaborado por um profissional de educação física qualificado”, reforça Eduardo.
Hipertensão tem cura?
De acordo com Guilherme, existem dois tipos de hipertensão. O primeiro é a hipertensão arterial primária (ou essencial), “uma doença crônica de origem multifatorial, resultado da interação entre determinantes genéticos e socioambientais”. Essa condição não tem cura, apenas tratamento.
Existe, ainda, um tipo de hipertensão menos comum: a hipertensão secundária, causada por uma doença subjacente. “Essa condição corresponde a menos de 20% dos casos de hipertensão arterial, e pode estar relacionada a doenças como a coarctação de aorta, doença renal crônica e causas endócrinas. Esse tipo de hipertensão pode ser curado quando a doença que o está causando é tratada de forma adequada”, finaliza o especialista.